Distribuição de medicamentos psiquiátricos dispara na Farmácia Municipal durante a pandemia

Em janeiro de 2022, a Farmácia Municipal de Campo Bom registrou 7.168 dispensações de medicamentos mediante apresentação de receita médica; no mesmo mês de 2021, foram 5.583, o que aponta um crescimento de 28,39% neste início de ano. O aumento é puxado principalmente pela maior procura e distribuição de medicamentos psiquiátricos, entre eles a amitriptilina, um antidepressivo. Em janeiro de 2021, 31.240 comprimidos de amitriptilina foram distribuídos, enquanto em janeiro deste ano, foram 35.485, um aumento de 13,59%. No período, também foi registrado crescimento na dispensação de medicamentos sintomáticos, como é o caso da loratadina, um antialérgico usado contra sintomas gripais, que teve distribuição de comprimidos 108,59% maior nos meses indicados (6.902 e 14.397).

O prefeito Luciano Orsi destaca a ação da Administração Municipal a partir da constatação. “Em setembro de 2021, iniciamos os atendimentos psicológicos na rede básica de saúde, o que antes não acontecia”, observa. As seguintes unidades de saúde contam com psicólogos: Centro Materno Infantil; ESF 25 de Julho; ESF Aurora; ESF Imigrante Norte; ESF Imigrante Sul; ESF Operária; ESF Porto Blos; ESF Quatro Colônias; ESF Rio Branco; ESF Santa Lúcia; UBS Celeste e UBS Paulista. “Houve uma inteira reorganização da saúde mental na estrutura municipal, algo que se mostrou necessário no período, com as unidades recebendo os pacientes, muitos com crises de ansiedade, e realizando uma triagem anterior ao Caps, o Centro de Atenção Psicossocial, que atende os casos mais graves”, afirma o secretário de Saúde João Paulo Berkembrock.

Em relação ao pré-pandemia, os aumentos são ainda mais expressivos

O crescimento na distribuição de remédios é ainda mais significativo se comparado a janeiro de 2020, quando ainda não havia pandemia. Naquele mês, 3.940 comprimidos de loratadina 10mg foram entregues — no mês passado, o número foi 265,41% maior (14.397). Em relação a 2019, houve um aumento destacado na distribuição dos medicamentos psiquiátricos. A amitriptilina, naquele ano, antes do início da pandemia, teve dispensação de 345.887 comprimidos, enquanto em 2021 esse número foi de 482.344, um aumento de 39,45%. Os ansiolíticos, usados para tratar transtornos de ansiedade, registraram crescimento ainda maior: o clonazepam 0,5mg teve distribuição de 17.370 e 71.170 comprimidos em 2019 e 2021, respectivamente, o que indica aumento de 309,73%; já o clonazepam 2mg teve crescimento de 71,15% (72.563 comprimidos em 2019 e 124.194 em 2021).

Farmácia do Estado também abriu mais processos administrativos

As demandas por remédios de alto custo são atendidas pela Farmácia do Estado, o que também aumentou, uma evidente consequência da crise econômica que afetou as famílias durante a pandemia. Os medicamentos que constam na lista de responsabilidade estadual são os que devem ser fornecidos pelo governo do Estado, assim como os judicializados com decisão favorável. Quando uma receita é entregue à Farmácia do Estado no município, um processo administrativo é aberto junto ao governo para que se avalie a distribuição dos remédios. No ano passado, foram encaminhados 51,37% mais processos do que em 2019 (438 e 663). No período, os farmacêuticos passaram a auxiliar, inclusive, no encaminhamento de pedidos à Defensoria Pública e ao Ministério Público, além de adotar o WhatsApp em função do aumento expressivo no número de atendimentos.

No momento, há, em Campo Bom, 1.435 processos deferidos, ou seja, que contam com distribuição de medicamentos ativa por parte do governo do RS. Entre os remédios, estão os componentes especializados, usados no tratamento de doenças raras ou de uso crônico prolongado e alto custo unitário; os medicamentos especiais, que englobam os indicados para o tratamento de doenças de prevalência no estado e que não são contemplados nos programas de saúde do Ministério da Saúde; e os judicializados, aqueles que não são fornecidos pelo SUS.

Foto: Emerson Santos/PMCB

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