O autor da facada que atingiu o candidatoà presidência pelo PSL Jair Bolsonaro, Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho no dia do crime por motivação política. Essa é a conclusão do inquérito da Polícia Federal encaminhado hoje para o Tribunal de Justiça de Juiz de Fora (MG).
“Ficou claro que o motivo [do atentado] era o inconformismo político do senhor Adélio com os projetos políticos do candidato. A conclusão é que no dia desse ato, Adélio agiu desacompanhado de qualquer pessoa, não contou com a participação de ninguém”, disse o delegado regional de Combate ao Crime Organizado em Minas Gerais, Rodrigo Morais Fernandes, responsável pelo caso.
O ataque contra Bolsonaro aconteceu no dia 6 deste mês, quando o candidato fazia campanha na região central de Juiz de Fora. Ele recebeu uma facada no abdômen em meio ao tumulto que se formou em volta dele no ato político. Adélio Bispo de Oliveira foi preso pela Polícia Militar e levado para delegacia da PF na cidade mineira.
Adélio está preso em um presídio federal em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, para onde foi levado dia 8 deste mês, sob escolta da PF. A transferência de Juiz de Fora, em Minas Gerais, para Campo Grande foi determinada pela Justiça Federal.
Após seu depoimento na audiência de custódia, Adélio foi interrogado mais três vezes pela PF no presídio em Campo Grande (MS). Também foram analisados um laptop, quatro celulares e dois chips apreendidos com ele além de sua conta bancária, e-mails e postagens em redes sociais. “As contas em nome dele não possuem nenhuma movimentação atípica, os ganhos que estão nas suas contas se sustentam. Não tinha grandes gastos, vivia de forma simples”, disse Morais.
Um novo inquérito foi aberto na última terça-feira (25) para investigar o autor confesso do ataque a faca contra Jair Bolsonaro com o objetivo de apurar fatos decorrentes das investigações realizadas até agora. Essa segunda investigação, que tem prazo de 30 dias prorrogáveis, tem por objetivo averiguar se Adélio teve alguma ajuda material ou no planejamento do atentado.
“Em razão do prazo legal, optamos por fazer uma cisão do procedimento. O inquérito concluído hoje permite que ele seja denunciado pelo Ministério Público e continuamos a linha de investigação para verificar a participação de outra pessoa ou grupo envolvido”, explicou o delegado.
Adélio chegou em Juiz de Fora (MG) no dia 19 de agosto e trabalhou por quatro dias como garçom na cidade mineira. Antes havia trabalhado em um açougue e também em um restaurante de comida japonesa em Florianópolis, capital de Santa Catarina. De lá ele se deslocou de ônibus para São Paulo e depois Juiz de Fora.
A faca utilizada no crime teria sido adquirida ainda na capital catarinense. Ainda em Florianópolis, ele chegou a praticar aulas de tiro e relatou à PF que tinha o objetivo de comprar uma arma, mas desistiu em razão do custo e da burocracia.
“Ele diz que a arma de fogo seria adquirida para proteção pessoal. Ele se sentia ameaçado pois havia feito denúncia contra políticos em Uberaba [MG] e por isso queria adquirir a arma”, disse o delegado.
Segundo Morais, Adélio teria começado a planejar o crime três dias antes, quando soube que Jair Bolsonaro estaria na cidade naquela data. Em um celular apreendido pela PF havia fotos de outdoors anunciando a chegada de candidato na cidade.
No dia 6, Adélio saiu da pousada onde estava hospedado com a faca embrulhada em uma folha de jornal escondida dentro do casaco e acompanhou a agenda do candidato durante todo o dia até o momento do atentado. Ele esteve presente inclusive no restaurante do hotel onde o candidato do PSL almoçou na ocasião.
Adélio deve ser ouvido novamente no segundo inquérito conduzido pela PF para apurar a participação de outras pessoas no crime. O candidato Jair Bolsonaro também deve ser ouvido neste inquérito.
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